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Foto do escritorMari Sperandio

Dedos de mentruz

Um dos seguranças do edifício Vera luxou o dedo. Tô mexendo então não quebrou! Justo!


Ele usa uma tala e gaze improvisadas. Que aconteceu com o dedo? Machuquei jogando bola. Puts!


Meu pai já quebrou todos os dedos dos pés e mãos, alguns mais de uma vez, jogando bola.


Minha mãe, de tanto ver ele andar de dedo quebrado por aí, plantou mentruz no quintal da casa.

Dá fácil! Ela fazia uma pastinha com a planta amassada e botava no dedo dele, com tala e gaze improvisadas. Trocava todo dia, o osso colava de volta.


O segurança do Vera disse que sua mãe fez um curativo com uma planta do jardim pra curar a luxação. Eu já conhecia a história.


O único osso que já quebrei na vida foi um dedo.


Anelar do pé direito.


Eu, adolescente. Lavava o banheiro de casa, na companhia do inseparável rádio preto grande, desses que o CD ia em cima e a fita na frente. Música alta. Sabão no piso frio. Vassoura vai e volta. Dançado. Descalça. Escorreguei nos meus próprios passos. Chutei a parede.


Mmmm


Abri os olhos e o dedo ainda parecia estar lá. Terminei de lavar o banheiro. Tomei banho. Almocei. Fui pra escola, voltei. Avisei minha mãe. Ai, Mariana, não acredito!


Ela fez a pastinha de mentruz pra mim.


No final da semana o dedo estava bem verdinho. Um picles.


Hoje o dedo não é bonito, mas que dedo do pé é bonito?

É funcional!


Pra que servem os dedos dos pés mesmo?


Pra enfiar na areia da praia.

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