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Um estirão neural, 2023

Fotografia digital impressa em papel algodão com intervenções de papel vegetal e tinta acrílica

10 x 10 cm

Por maior que possa parecer a quem não ande atento da importância das paixões primarias, sejam elas diurnas, laicas ou irregulares, o primeiro passo das extraordinárias viagens sempre inicia a partir do bom funcionamento das administrações presentes, tomadas estas em grandes leitos urbanos ou rurais, nas quais propusemos narrar, dadas as reais intenções, por assim dizer, insólitas.
Estando já a quatro anos em constante perplexo, é natural que nos seja oferecido algo mais valioso, deste modo, com assinalável elegância, de entrar em pormenores de ordem física, ou fisiológica, algo sórdido, ou quase sempre ridículo, que, posto em xeque, ofenderiam as propostas apresentadas ao narrador. Embora não falte quem afirme que se quedou por desgosto, de sobrolho carregado, podemos duvidar da virtude conjunta de seu valor material.
É observado que, os presentes, em suas infalíveis memorias as confessas simpatias parentais, descobrem que o passado lhes falta controle estimado. Bisbilhotando momentos degringolantes percebem as intempestivas invocações a mãe. E para que quero eu o delírio? Com um gesto de impaciência que não fui capaz de imprimir, a dorna da água, sempre cheia, fez-se rasa e eufórica. É como se estivéssemos a sustentar pela curvatura profissional dos tempos, transformações atômicas e lentas. Um estirão. Lá no íntimo profundo, que é onde dialogam com as contradições do ser, uma súbita dor deixa as camadas das manhãs secas.
Num piscar de olhos, nem a segunda, nem a terceira poderiam ter tido mais interesse negativo refém de toda a afirmação da poética. Não precisando que se recorde como fechar e selar as cartas enviadas aos que muito poupam, ficamos incumbidos de caminhos menos terrosos e mais voláteis. Não tendo compreendido o riso, olha-se de soslaio e dá-se de ombros.

Um estirão neural
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